Violence in migrants and refugees in Europe: determinants and preventable measures

Introdução A violência sexual e de género (VSG) é um problema global de saúde pública, ao qual refugiados, requerentes de asilo e imigrantes não documentados, estão particularmente vulneráveis. Nos centros de acolhimento Europeus, residentes e profissionais estão predispostos à vitimização e perpetu...

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Bibliographic Details
Main Author: OLIVEIRA, Charlotte Neves de (Author)
Format: Electronic Book
Language:English
Published: 2018
In:Year: 2018
Online Access: Volltext (kostenfrei)
Check availability: HBZ Gateway
Description
Summary:Introdução A violência sexual e de género (VSG) é um problema global de saúde pública, ao qual refugiados, requerentes de asilo e imigrantes não documentados, estão particularmente vulneráveis. Nos centros de acolhimento Europeus, residentes e profissionais estão predispostos à vitimização e perpetuação de VSG. Objetivos Esta tese tem como objetivo contribuir para melhorar o conhecimento do conceito de VSG, casos reportados, causas, medidas preventivas, e fatores preditivos de vitimização em residentes (refugiados, requerentes de asilo e imigrantes não documentados) e profissionais (prestadores de serviços, e serviços de saúde), em centros de acolhimento Europeus. Métodos Foram utilizados dados recolhidos no âmbito do projeto Europeu "Senperforto", com o objetivo de contribuir para a proteção e promoção da saúde de refugiados, requerentes de asilo e imigrantes não documentados, de forma a prevenir a VSG nos centros de acolhimento. Senperforto incluiu um estudo sobre conhecimentos, atitudes e práticas relativo à VSG, de residentes e profissionais, que vivem e trabalham em centros de acolhimento, em oito países (Bélgica, Grécia, Hungria, Irlanda, Malta, Holanda, Portugal, Espanha). No total foram realizadas 600 entrevistas: 398 a residentes e 202 a profissionais. A análise de dados incluiu uma análise por componentes principais (ACP), testes de associação como o Qui-quadrado ou teste exato de Fisher, e técnicas de machine learning. Resultados O resultado da ACP relativo ao conceito de VSG para o grupo de residentes incluiu 14 dimensões de VSG que representam 83,56% da variância total de dados. No grupo de profissionais resultou em 17 dimensões de VSG correspondendo a 86,92% da variância total de dados. Para ambos, o conceito de VSG diferiu de acordo com o país de acolhimento, sexo, idade e estado civil. Nos residentes, foram encontradas diferenças relacionadas com a duração de residência no país de acolhimento/Europa, e com os tipos de alojamento. Para os profissionais, as diferenças estavam ligadas ao estatuto legal e competências educacionais. Os participantes reportaram 698 casos de VSG (residentes 328, profissionais 370), correspondendo a 1110 atos de vários tipos de violência. As principais causas presumidas foram: frustração e stress (residentes 23,6%, profissionais 37,6%, p0,008) e diferenças relacionadas com aspectos culturais (residentes 19,3%, profissionais 20,3%, p0,884). Os participantes relataram que estes atos de violência poderiam ser evitados melhorando: intervenções preventivas de VSG (residentes 31,5%, profissionais 24,7%, p0,293); condições habitacionais (residentes 21,7%, profissionais 15,3%, p0,232); e comunicação (residentes 16,1%, profissionais 28,2%, p0,042). A maioria dos residentes não tinha conhecimento da existência de medidas preventivas nos centros de acolhimento (58,3%) ou no país deacolhimento (72,4%). As medidas preventivas de VSG propostas pelos participantes incluíram: sensibilização sobre a VSG, melhoria das condições habitacionais e melhoria da comunicação entre residentes e profissionais. Os modelos preditivos de VSG destacaram as condições habitacionais como uma característica importante para prever a vitimização. Assim, instalações sanitárias apropriadas, o tipo de alojamento, o estatuto legal, a idade, o tipo de ocupação e a idade das pessoas com quem as instalações sanitárias são partilhadas, foram variáveis essenciais para prever a vitimização. Ser residente ou profissional provou ter baixa característica preditiva. Conclusão Nos centros de acolhimento Europeus, as estratégias de prevenção primária deverão focalizar-se na harmonização do conceito de VSG, abordando possíveis diferenças relacionadas com características sociodemográficas. Os resultados sugerem que nos centros de acolhimento, tanto os residentes como os profissionais, os homens e as mulheres estão em risco de VSG, reduzindo os estereótipos: masculinos/profissionais - agressores e mulheres/residentes - vítimas. A elevada incidência de VSG apresentada nos nossos resultados sugere que a prevenção secundária deverá incidir numa maior sensibilização para o problema, melhorar as condições habitacionais e de trabalho, melhorar a comunicação, assegurar um procedimento de asilo equitativo e justo, e incluir os residentes e profissionais como participantes ativos no processo de desenvolvimento e implementação destas medidas. Enfatiza-se ainda, a necessidade emergente da criação e implementação de políticas e diretrizes europeias personalizadas que melhorem as condições habitacionais e de trabalho nos centros de acolhimento. Por último, estamos convencidos de que os Estados-Membros poderão beneficiar do desenvolvimento de capacidades e ferramentas para a implementação destas políticas e diretivas.Background Worldwide sexual and gender-based violence (SGBV) is a major public health problem. Refugees, asylum-seekers and undocumented migrants (RAUM) are vulnerable to SGBV. In the context of European asylum reception facilities, residents and professionals are exposed to both SGBV victimisation and perpetration. Objectives This thesis aims to contribute to expand the knowledge on SGBV conceptualisation, reported cases and causes of SGBV, preventive measures and predictive factors of SGBV in residents (refugees, AS and undocumented migrants) and professionals (services and health care providers), living and working in EARF. Methods We used data collected in the scope of the European Project “Senperforto”, aiming to contribute to health protection and promotion of young refugees, asylum seekers and undocumented migrants by preventing SGBV in asylum reception facilities. Senperforto included a knowledge, attitudes and practices study, of residents and professionals, living and working in asylum reception facilities, in eight countries (Belgium, Greece, Hungary, Ireland, Malta, the Netherlands, Portugal, Spain). In total 600 interviews were conducted: 398 residents and 202 professionals. Data analysis included a principal component analysis (PCA), Chi-square or Fisher’s exact test, and machine learning techniques. Results PCA results regarding SGBV knowledge for residents included 14 SGBV dimensions representing 83.56% of the total data variance, while for professionals it resulted in 17 SGBV dimensions representing 86.92% of the total data variance. For both groups, SGBV conceptualisation differed according to the host country, sex, age and marital status. For residents, specific differences related to the time of arrival to host country/Europe, and type of accommodation were found, while for professionals, differences were linked to legal status and education skills. Participants reported 698 cases of SGBV (residents 328, professionals 370), comprising 1110 acts of multiple types of violence. The main assumed causes were frustration and stress (residents 23.6%, professionals 37.6%, p 0.008), and differences related to cultural background (residents 19.3%, professionals 20.3%, p 0.884). Respondents assumed these acts could be prevented by improving: SGBV prevention interventions (residents 31.5%, professionals 24.7%, p 0.293); living conditions (residents 21.7%, professionals 15.3%, p 0.232); and communication (residents 16.1%, professionals 28.2%, p 0.042). The majority of residents were not aware of existent preventable measures in the asylum facility (58.3%) or host country (72.4%). Proposed SGBV preventive measures included: SGBV sensitisation and awareness, improving living conditions and improving communication between residents and professionals.Predictive models highlighted living conditions as an important feature to predict SGBV victimisation. Accordingly, the appropriated sanitary facilities, accommodation types, age of people with whom sanitary facilities are shared, type of occupation, immigration status and age were key variables to predict victimisation. Being a resident or a professional proved to have low predictive characteristic. Conclusion In European asylum reception facilities, primary prevention strategies should focus on harmonising SGBV conceptualisation addressing potential differences linked to sociodemographic characteristics. SGBV seems to be more gender-balanced than what is stereotyped, contributing to demonstrate that both residents and professionals, male and female are at risk of SGBV, reducing the stereotypes male/professionals – perpetrators, and female/residents – victims. As SGBV was highly reported, secondary prevention should focus on sensitisation, enhance living and working conditions, improve communication, gender-balanced and fair asylum procedure, and include residents and professionals as active voices in its’ development process. Furthermore, we stress the urgency of tailored European policies and directives improving living and working conditions in reception facilities. Finally, we are convinced that Member States should benefit from capacity building and facilitating tools in order to implement...